Dentro da história da Humanidade, um dos acontecimentos mais antropomorfizados e cultuado foi a própria Morte. Tal culto se manifestou na história humana sob diversas máscaras diferentes, como o culto a Exu Caveira no Brasil, Baron Samedi no Haiti, Santíssima Murte no México e San La Muerte na Argentina.
Foi através do profundo estudo destes cultos ao mistério da
humanidade que o Templum Falcis Cruentis codificou e desenvolveu o culto
ao Falxifer, relacionando os aspectos magísticos e esotéricos deste
culto com a demonologia e com o Satanismo, dando origem a corrente do
Lord da Morte, Qayin Coronatus.
Assim como os espíritos de Exus, San La Muerte passou a ser visto
como um “senhor dos caminhos”, uma entidade a quem se pede ajuda e
proteção contra uma morte ruim. Os sincretismos realizados com cultos
africanos, onde a presença do mistério da morte é constante e tem peso
importante fizeram com que as oferendas concedidas a Exu Morte, Caveira,
Calunga entre outros, também fossem utilizadas a San La Muerte. Essas
oferendas normalmente consistem em incensos de patchuli, carne de porco
mal passada e sem sal, bebidas alcoólicas e velas pretas e vermelhas,
bem como charutos.
O culto mais associado à demonologia e foco do estudo do TFC em sua
publicação, o livro “Liber Falxifer” foi o culto argentino a morte,
correspondente a San La Muerte. Este culto diverge-se em seu cunho
exotérico, aberto ao público e divulgado em meio a região e o culto
esotérico, fechado apenas a aqueles iniciados na gnose da Morte. A
associação deste culto argentino com a magia, quando aprofundado de modo
exotérico, trazia à luz a identidade de San La Muerte como Azrael, anjo
demiurgico responsável pelo desencarne. Já o aprofundamento esotérico
da Mão Esquerda em relação a este culto, nos leva a um caminho muito
mais sombrio e com muito mais profunda interpretação.
Segundo a tradição folclórica, Qayin, ao ter sua oferenda recusada por IHWH enquanto Abel, seu irmão era elogiado, decide matá-lo. E para isso ele utiliza seu instrumento de colheita, provavelmente feito de um osso curvo de animal, uma forma de foice primitiva. Desta forma, o espírito da Chama Negra presente em Qayin destrói Abel, o corpo de barro, transcendendo os limites do Causal. Como primeiro assassino, ao enterrar seu irmão, ele se torna também o primeiro coveiro e Senhor da Primeira Sepultura.
Ao enterrar seu irmão, os deuses ctônicos acausais aceitam sua oferenda sangrenta. Diz-se que no local onde Abel foi enterrado, uma roseira escarlate brotou, sendo essas as flores sagradas a Qayin e no culto a San La Muerte.
A linhagem de Qayin ben Samael (Qayin,filho de Samael) manteve-se ao longo das histórias, passando por Nahemah (A adorável) e por Tubal-Caim, ferreiro de armas de caça e guerra, sendo a base da humanidade. Essa fundamentação explicita que existe uma elite de seres humanos descendes do Falxifer, do portador da foice e grande iniciador – e todos nós portamos em nosso interior a Chama Negra, dependendo de nossa própria escolha despertá-la e portá-la orgulhosamente, ou reprimi-la e nos manter como os outros cordeiros de argila.
Ainda segundo esta tradição, Qayin, após ser morto por seus descendentes (que o confundiram com um animal em meio a mata), recebe a transição da carne para o Caos como um portal para o próprio Sitra Ahra, assentando assim em seu trono, e se tornando Baaltzelmoth (Senhor da Sombra da Morte).
Dentro deste cunho exotérico, San La Muerte/ Qayin Rex Mortiis é coroado não apenas como o senhor dos caminhos, mas também como um iniciador na senda da Mão Esquerda. Mais que um protetor, o portador do ensinamento e da iluminação provenientes da Morte e um detentor dos segredos da Alquimia de Saturno.
Qayin é a porta da Necrosophia e da Necromancia, ciências proibidas e pesadas até mesmo dentro dos aspectos da Mão Esquerda. O batismo de Falxifer vem da palavra latina Falcifer, cujo significado é “portador da foice”. O nome foi modificado de acordo com a gnose cainita, diferenciando assim o culto do TFC dos outros cultos exotéricos a San La Muerte. O “X” dentro desta gnose nos traz alusão a própria Marca de Caim, e também a seu título de guardião da cruz dos mortos, senhor da encruzilhada da Morte.
Malachi Azi Dahaka
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