quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Totens Mortuários





Os nativos Haida da América do Norte construíam totens celebrando os atributos de animais e elementos da natureza. Esses grandes postes de madeira eram cuidadosamente entalhados com carrancas, pintados e cobertos de símbolos e adornos tribais.

Na crença dos Haida, os espíritos do além eram atraídos para esses totens, e perante eles, um xamã seria capaz de acessar os mistérios do além. Além de ser importante em muitas cerimônias religiosas, os Totens tinham uma função vital nas cerimônias funerárias. Membros da tribo eram enterrados em um fosso comunal cavado aos pés do totem. Por vezes as entranhas eram arrancadas e penduradas no Totem como forma de atrair animais selvagens que faziam o papel de emissários responsáveis por avisar ao mundo espiritual da chegada de um novo habitante.

Contudo, quando um chefe, guerreiro ou sacerdote morria a cerimônia era bem mais intrincada. Os Haida acreditavam que o morto ilustre deveria se unir ao Totem, quase se tornando parte dele. Para isso, a tribo carregava o cadáver até o Totem onde ele era esmagado, surrado e transformado em uma polpa sangrenta pela ação de amigos e parentes usando porretes cerimoniais. O objetivo desse tratamento era fazer com que o corpo ficasse apto a ser encaixado dentro de uma urna funerária mais ou menos do tamanho de uma valise. Para caber nesse compartimento exíguo, ossos eram cerrados, partidos, pulverizados...

Finalizado esse trabalho sanguinolento, a urna era depositada em um nicho escavado num lugar de honra no topo do totem de onde deveria proteger a tribo eternamente.




Missionários no século XVIII que se depararam com esse costume acreditavam que os Haida reservavam o tratamento aos seus inimigos. Não por acaso esse "mal entendido" cultural, fez com que a tribo fosse taxada como uma das mais violentas e abomináveis durante a Conquista do Oeste.  



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