Os nativos Haida da
América do Norte construíam totens celebrando os atributos de animais e
elementos da natureza. Esses grandes postes de madeira eram cuidadosamente
entalhados com carrancas, pintados e cobertos de símbolos e adornos tribais.
Na crença dos Haida, os espíritos
do além eram atraídos para esses totens, e perante eles, um xamã seria capaz de
acessar os mistérios do além. Além de ser importante em muitas cerimônias
religiosas, os Totens tinham uma função vital nas cerimônias funerárias.
Membros da tribo eram enterrados em um fosso comunal cavado aos pés do totem.
Por vezes as entranhas eram arrancadas e penduradas no Totem como forma de
atrair animais selvagens que faziam o papel de emissários responsáveis por
avisar ao mundo espiritual da chegada de um novo habitante.
Contudo, quando um chefe,
guerreiro ou sacerdote morria a cerimônia era bem mais intrincada. Os Haida
acreditavam que o morto ilustre
deveria se unir ao Totem, quase se tornando parte dele. Para isso, a tribo
carregava o cadáver até o Totem onde ele era esmagado, surrado e transformado
em uma polpa sangrenta pela ação de amigos e parentes usando porretes
cerimoniais. O objetivo desse tratamento era fazer com que o corpo ficasse apto
a ser encaixado dentro de uma urna funerária mais ou menos do tamanho de uma
valise. Para caber nesse compartimento exíguo, ossos eram cerrados, partidos,
pulverizados...
Finalizado esse trabalho
sanguinolento, a urna era depositada em um nicho escavado num lugar de honra no
topo do totem de
onde deveria proteger a tribo eternamente.
Missionários no século XVIII que
se depararam com esse costume acreditavam que os Haida reservavam o tratamento
aos seus inimigos. Não por acaso esse "mal entendido" cultural, fez
com que a tribo fosse taxada como uma das mais violentas e abomináveis durante
a Conquista do Oeste.
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