quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Endocanibalismo

Para algumas culturas, a melhor maneira de honrar seus mortos é levando em si mesmo uma parte deles. E a maneira mais correta de fazê-lo, é comendo-os. A prática é conhecida como "endocanibalismo" e reconhecido pelos antropólogos como um ritual amplamente difundido em certas culturas consideradas primitivas. Segundo os pesquisadores, esses "banquetes de cadáveres" são uma maneira de firmar uma conexão permanente entre os vivos e aqueles que partiram.


Trata-se de uma forma de catarse coletiva da tribo, uma maneira de expressar o medo e pavor associado com uma tragédia e tentar apaziguar essa dor. Culturalmente o ritual simboliza que a vida daquele indivíduo continua fluindo através de seus companheiros, de seus amigos e parentes. Alguns antropólogos sugerem que entre os povos que praticam o endocanibalismo, a prática constitui algo que os mortos esperam dos vivos - um gesto final de boa vontade da tribo e da família. Embora a antropofagia seja considerado um tabu na maioria das culturas, esse ritual é compreendido como uma forma de expressar respeito e desejo de que o morto esteja sempre presente. Existe uma grande diferença entre esse ritual e a prática de alguns povos de se alimentar dos seus inimigos vencidos. Nesse caso, devorar o inimigo simboliza obter seus atributos, em especial sua força e "magia". No endocanibalismo, a prática se refere apenas aos mortos queridos, geralmente parentes.
Durante o ritual, a tribo reza sobre o cadáver e chora lamentando sua passagem. Em meio a cerimônia (que ocorre na área comunal usada pela tribo) um pagé corta tiras de carne que são oferecidas aos presentes que se identificavam com o falecido. O que resta do corpo é queimado em uma fogueira após o ritual.
Embora não seja mais amplamente praticado, uma vez que os povos que tradicionalmente o faziam se "aculturaram" com costumes modernos, há rumores de que o endocanibalismo ainda é realizado em partes da Melanésia, em Papua Nova Guiné e pelo povo Wari na selva amazônica brasileira.
 
 
Povo Wari  (Leia mais aqui)

Nenhum comentário:

Postar um comentário