Para algumas culturas, a melhor maneira de honrar seus mortos é levando
em si mesmo uma parte deles. E a maneira mais correta de fazê-lo, é
comendo-os. A prática é conhecida como "endocanibalismo" e reconhecido
pelos antropólogos como um ritual amplamente difundido em certas
culturas consideradas primitivas. Segundo os pesquisadores, esses
"banquetes de cadáveres" são uma maneira de firmar uma conexão permanente entre os vivos e aqueles que partiram.
Trata-se de uma forma de catarse coletiva da tribo, uma maneira de
expressar o medo e pavor associado com uma tragédia e tentar apaziguar
essa dor. Culturalmente o ritual simboliza que a vida daquele indivíduo
continua fluindo através de seus companheiros, de seus amigos e
parentes. Alguns antropólogos sugerem que entre os povos que praticam o
endocanibalismo, a prática constitui algo que os mortos esperam dos
vivos - um gesto final de boa vontade da tribo e da família. Embora a
antropofagia seja considerado um tabu na maioria das culturas, esse
ritual é compreendido como uma forma de expressar respeito e desejo de
que o morto
esteja sempre presente. Existe uma grande diferença entre esse ritual e
a prática de alguns povos de se alimentar dos seus inimigos vencidos.
Nesse caso, devorar o inimigo simboliza obter seus atributos, em
especial sua força e "magia". No endocanibalismo, a prática se refere
apenas aos mortos queridos, geralmente parentes.
Durante o ritual, a tribo reza sobre o cadáver e chora lamentando sua
passagem. Em meio a cerimônia (que ocorre na área comunal usada pela
tribo) um pagé corta tiras de carne que são oferecidas aos presentes que se identificavam com o falecido. O que resta do corpo é queimado em uma fogueira após o ritual.
Embora não seja mais amplamente praticado, uma vez que os povos que
tradicionalmente o faziam se "aculturaram" com costumes modernos, há
rumores de que o endocanibalismo ainda é realizado em partes da
Melanésia, em Papua Nova Guiné e pelo povo Wari na selva amazônica
brasileira.
Povo Wari (Leia mais aqui)
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