quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O Nirvana Caoísta





Existe uma semelhança muito peculiar entre os ensinamentos da Magia do Caos e do budismo. De fato, é possível encontrar similaridades entre as linhas mais diversas e, a partir disso, montar um estudo comparativo. Hoje iremos nos ater a analisar o que há de comum entre uma escola da magia moderna e uma religião oriental.

No caoísmo ouve-se muito o seguinte lema: “Nada é verdadeiro; tudo é permitido”. Uma das possíveis interpretações dessa asserção seria a de que uma crença não expressa o absoluto, mas seria meramente circunstancial, tendo como fim realizar uma mudança de paradigma para atingir determinado objetivo. E, no interior do paradigma adotado, você pode realizar todos os experimentos possíveis, contanto que finja suficientemente bem que aquele processo é verdadeiro. Essa prática é encontrada no bordão: “Finja, até que atinja”.

Já no budismo existe o conceito de “maya”, que seria uma projeção da realidade criada por nós. Também fala-se em “vipallasa”, que seriam distorções ou alucinações que podem ocorrer na percepção, na mente ou nas ideias. É dito que não há um “eu” inerente (anatta) e que a impressão da existência seria uma constituição de agregados mentais. Contudo, para destruir o karma e atingir o nirvana, inicialmente você precisa do “paradigma da mente como identidade” para “aniquilar a mente com a própria mente”.

Essa concepção é muito semelhante à de que a “crença é uma ferramenta”, usada na Magia do Caos. Através do “paradigma do palhaço”, poderia ser dito que bastaria utilizar diferentes crenças como noção do absoluto, para que se compreenda a não existência da percepção do absoluto, e assim atingir uma espécie de “nirvana caoísta”.
Mas existe uma “verdade”, uma “coisa em si” ou um Absoluto, como realidade transcendental? O caoísta diz: “Eu não me importo!”. Buda diz: “Não importa” (já que ele estava mais preocupado com as questões de caráter pragmático do que com a ontologia). Então o caoísta dá um sorriso e levanta sua mão: “Bate aqui, Buda!”, ou, segundo um famoso trecho do Principia Discordia:

“GRANDE PATETA: Você é realmente sério, ou o quê?
MAL-2: Às vezes eu tomo como humor sério. Às vezes eu seriamente tomo como humor. De qualquer forma, isto é irrelevante.
GP: Talvez você apenas seja louco.
M2: Não me diga! Mas não leve meus ensinamentos por falsos só porque sou louco. A razão de eu ser louco é porque eles são verdadeiros.
GP: Éris é verdade?
M2: Tudo é verdade.
GP: Mesmo coisas falsas?
M2: Mesmo coisas falsas são verdade.
GP: E como pode ser isso?
M2: Eu não sei cara, eu não fiz isso”.

Ou ainda a frase, da mesma obra: “Eu tenho a crença inabalável de que é um erro ter crenças inabaláveis”. Digamos que algumas “crenças temporárias” se tornam úteis para resolver alguns paradoxos.

Segundo Ajahn Thanissaro, Buda ensinou a doutrina do “não-eu” não como uma afirmação metafísica, mas como uma estratégia para não se identificar com os fenômenos. Conforme demonstra o seguinte trecho do Samyutta Nikaya, Ananda Sutta:

“Tendo sentado a um lado, o errante Vacchagotta disse ao Abençoado, ‘Então, Venerável Gotama, existe um eu?’ Quando isso foi dito, o Abençoado ficou em silêncio. ‘Então, não existe um eu?’ Uma segunda vez o Abençoado ficou em silêncio. 

Então o errante Vacchagotta levantou-se do seu assento e partiu. 

Em seguida, não muito tempo após o errante Vacchagotta ter partido o Venerável Ananda disse ao Abençoado, ‘Porque, senhor, o Abençoado não respondeu quando foi perguntado pelo errante Vacchagotta?’ – ‘Ananda, se eu, tendo sido perguntado pelo errante Vacchagotta se existe um eu, tivesse respondido que existe um eu, isso estaria conforme com aqueles brâmanes e contemplativos que são os expoentes da doutrina eternalista (isto é, a idéia de que existe uma alma eterna). E se eu… tivesse respondido que não existe um eu, isso estaria conforme com aqueles brâmanes e contemplativos que são os expoentes do niilismo (isto é de que a morte é a aniquilação da experiência). Se eu… tivesse respondido que existe um eu, isso seria compatível com o surgimento do conhecimento de que todos os fenômenos são não-eu? 

‘Não, Senhor.’ 

‘E se eu… tivesse respondido que não existe um eu, o confuso Vacchagotta ficaria ainda mais confuso: “Aquele eu que eu costumava ter, agora não existe?”


Então, note que, embora a noção de um “eu” possa aprisionar, ela é necessária exatamente para que, através do nosso “eu” perceba-se a noção do “não-eu”, e, a partir disso, aniquile-se tanto a noção do “eu” como “não-eu”, como verdade.

No caoísmo, embora a noção da “crença” possa aprisionar, ela é necessária para que através da adoção de diferentes crenças obtenha-se a percepção de que a crença em si não é verdade e nem mentira, mas uma percepção mental para o entendimento de que “Nada é verdadeiro” (a crença é uma ferramenta); e “Tudo é permitido” (expansão da nossa interferência mágica mental e material através da manipulação contínua da visão da realidade).

No budismo também existe a marca da existência chamada “anicca” (impermanência ou inconstância), que reflete a realidade do samsara, ou a roda do karma. No caoísmo, mergulha-se nessas diferentes impressões da realidade através da mudança constante de paradigmas.
Poderíamos dizer então que tanto budismo como caoísmo chegaram a conclusões muito semelhantes acerca da realidade e encontraram soluções diferentes. Em relação à primeira parte do lema de Hassan-i Sabbah, “Nada é verdadeiro”, ambos concordam, no que concerne a nossas impressões da verdade. Quanto ao “Tudo é permitido” é uma estratégia caoísta de permanecer sempre saltitando de um paradigma a outro e, com essa libertação da mente, obter sabedoria e poder.

Ambos utilizam bons truques. Só podemos perceber a realidade através da limitação do nosso aparelho cognitivo, como se fossem óculos que mostrassem uma verdade embaçada. A solução do caoísta foi utilizar óculos de cores diferentes o tempo todo, para nunca se esquecer que estamos sempre sentindo o mundo com a limitação de nossos sentidos, e que nossas crenças não representam a totalidade da existência. Já o budista usa o método de utilizar a ilusão dos próprios óculos para tentar se livrar deles – os caoístas achariam isso meio chato e sem graça, já que eles consideram que óculos são muito chiques, especialmente os coloridos. Então por que parar de usá-los? Eles preferem rabiscar diferentes desenhos na tela em branco em vez de rasgá-la. E, para quem não gostou de nenhuma dessas opções, sempre é possível comprar um quadro pronto na loja, para decorar sua belíssima parede.


Tantra e o Caminho Aghori

… para a não diferenciação

Será que há diferença entre iluminação e não-diferenciação?

O objetivo do Tantra é Laya, o retorno ao estado de existência indiferenciada.

A maior parte dos ocidentais ao ouvir a palavra tantra faz o click para um conceito de “sexo tantrico”. Mas apesar de uma relação energética e filosófica diferente do comum ocidental para com o sexo, há bem mais que apenas associações a sexualidade na filosofia ancestral tântrica. É uma filosofia de vida e relação com o ciclo da vida e da morte, sobre sexualidade sim – força matriz, criativa, portal poderoso, acto sagrado de fusão e transcendência e dissolução, revelação e união, Amor e magia… (para não confundir com uma possibel banalização de sexo) Tantra comporta uma visão do Universo contendo uma relação filosófica,intelectual, física, matérica e espiritual entre criação e destruição – mas não só sobre sexo – a não ser que se veja sexo como portal prático metafórico de rendição à força imanente de vida-morte-vida como processo do que é este planeta. O que eu sinto é que a informação sobre Tantra que vem até ao ocidente é basicamente sobre sexo porque depois de uma cultura religiosa judaico-cristã e patriarcal sexualmente repressora como tivémos na Europa, ficámos ávidos de informação sobre sexo, o grande tabu, que reprime esta sociedade até aos dias de hoje. E reprime de tal forma que passámos do secretismo para o pólo inverso, obcessivo, que se mostra claramente numa profusão explosiva de sexo como a coisa que mais vende neste mundo, que tanto se quer e até se tem mas tão pouco se sente e compreende, confundindo-se até sexo (acto) com sexualidade ou energia sexual, mas, não vou por aqui. Enfim, Tantra tem muito que se lhe diga, é toda uma filosofia de uma cultura ancestral que tinha uma visão do mundo não comparável nem perceptível à visão judaico-cristã que formatou os olhos da nossa cultura com noções de matéria como diferente espírito, bom oposto de mau… Mas, ainda tentando explicar numa perspectiva judaico-cristã: para compreender e viver o Tantra é preciso ser um@ Sant@.

Não é que seja fácil tirar palas dos olhos, ou apercebermo-nos que as temos, mas sentir gratidão e leveza por cada momento em que estabelecemos uma relação, seja ela entre duas ideias, um modo de ver que de repente se desvanesce dando espaço a outro, é sobre experienciar e compreender para além de antagonismos e dicotomias.


Uma semente precisa de terra escura e húmida, terra que um dia foi já matéria apodrecida, para poder germinar e seguir o seu curso de vida alimentando-se de Sol. Uma planta sabe sempre que para chegar com os braços aos céus é necessário ter raízes bem profundas no mais escuro dos infernos. E sabe que não é uma questão nem de escolher entre um Pai céu ou uma mãe Terra, entre a luz ou a escuridão, sabe que não tem de pedir favores aos anjos nem aos demónios, sabe que ninguém a espia ou controla, que a vida é o que é e a morte faz parte dela. E dá, tudo o que tem, tudo o que é, para o melhor de todos, porque não há diferença entre mim e o todo, e tudo o que eu faço faz tudo o que há. O Tantra, ao contrário da maioria das correntes do hinduísmo que dizem que esta realidade é uma ilusão, diz que Tudo o que existe é o que existe aqui. E é com isso que lida, como a semente que germina quando tem de ser, e cresce como o que há, seja o solo rico ou pobre em nutrientes.

É óbvio que há por aí muito romantismo de ideias em relação ao Tantra, mas nao quer dizer que estejam nem certas, nem erradas – talvez seja apenas mais uma visão incompleta, que se foque apenas numa parte do Tantra (afinal uma filosofia milenar complexa e experiencial mais que teórica), mas enquanto que incompleta há que entender que a ideia que temos do Tantra é também distorcida, vista por lentes menos adequadas, pelas lentes da nossa cultura e dos nossos filtros emocionais e intelectuais, que vão sempre interpretar de acordo com aquilo que conhecem, com ideias e práticas que nos são comuns, e não raras vezes com aquilo que queremos que seja (numa cultura reprimida a nível emocional, sexual e social parece-me bastante óbvio que se vá à procura daquilo que não se tem – e aí aparece o Tantra, dando uma óptima desculpa para a libertação sexual como causa espiritual, mas ficando-se muitas vezes apenas por aí não dando sequer um vislumbre da filosofia transformadora e libertária de vida por detrás dele, da Interligação entre tudo, e da relação entre responsabilidade pessoal, social e emocional e o paradigma biológico base à vida neste planeta, que é um de interdependência das acções, para além de ideias de bem e de mal, a consciência pela acção. Um dos motivos pelo qual temos apenas um vislumbre do que vem verdadeiramente atrás de filosofias orientais que não vivemos, é porque para compreender uma cultura, é preciso mais que ler sobre ela, é preciso vivê-la, e não cair no erro da rotulação fácil, seja ela positiva ou pejorativa, e não cair no velho hábito do homem europeu: simplificar e categorizar, classificar e guardar em arquivo, o que é muito útil muitas vezes, mas há bem mais no inifinito vão do espaço do que aquilo que se consegue separar e categorizar. Nem um cientista reduccionista materialista gostaria de que o cosmos fosse um lugar fácil de rotular (aí acabaria a sua própria vontade, a ânima que move internamente como força misteriosa cada célula do cientista a investigar para tentar perceber o Cosmos) com os seu antagonismos primários mas redutore, incompatíveis, complementaridades indecifráveis. Afinal, o que é a sombra se não o outro lado de um abraço do Sol – da luz – sobre a matéria negra, matéria negra sem a qual não haveria nem luz para a iluminar, nem vida para com ela se relacionar.

Uma pequena amostra da crença Aghori no video abaixo.

desafiando as crenças Induístas




Visitar a índia (não digo visitar o resort, mas a índia e as suas vidas) ajuda a perceber um pouco mais quando se tenta conhecer uma filosofia que de lá veio. E porquê? Porque essa filosofia não estava nos livros apenas, mas enraizou-se por muito tempo na vida das pessoas, tornou-se gesto e hábito. E pela experiência directa do que resta destes gestos e hábitos, pela relação com o lugar, os pés no chão, o ar que respiramos partilhado, e a boca a comer do mesmo prato que acredito que se conhece mais uma teoria, ou que está por detrás dela.  E para um ocidental cheio de conceitos sobre bonito e feio, limpo e sujo, deus e o diabo não há nada como quando vamos à Índia e nos perdemos na imensidade do país e das suas poli-culturas agora abafadas senão destruídas pela monocultura do modo de vida americanizado mas ainda existentes, e os nossos sentidos entram em choque – não conseguindo relacionar no mesmo plano o cheiro a incenso com o cheiro a esgoto que se sente no mesmo local, a visão de mandalas de flores super cuidadas no tempo cuja entrada está decorada com velhinhas leprosas andrajadas que às vezes nem percebemos se estão vivas ou mortas. É ir ao Ganges e ver que as ofertas se transformam em lixo no curso do rio em segundos, o mesmo rio sagrado da Deusa Ganga tão adorada, o mesmo rio para onde vai todo o esgoto, onde se banham as pessoas, onde se bebe a àgua e onde flutuam cadáveres. A índia vivida, para além da ilusão chique e paradasíaca dos ashrams (que também é uma parte da Índia) coloca em cheque o nosso intelecto a cada segundo, baralha-nos e destrói tudo aquilo que achávamos que era ou seria, e no entanto é também isso tudo. Não tinha pensado nisto antes, mas descobrir os Aghoris é uma ajuda preciosa para perceber umas quantas ideias fundamentais, e sobre como vivem hoje entre tanto caos e contradição para os sentidos, os habitantes do continente indiano, repleto de tantas raízes e rizomas, das suas muitas culturas tão complementares como misturadas, recriadas, adaptadas e enlamaçadas – crenças e práticas diárias, formas de ver e de estar indecifráveis para um católico, é a única coisa que nos pode ajudar a sair do postal para a realidade integral em que tudo co-existe.

Os aghoris consomem de tudo, mas não são consumistas da forma como nos relacionamos com consumo no ocidente. Comem de tudo o que consideramos podre ou mau, mas para eles isso não é profano nem os adoece. Andam nús (o que consideramos uma forma de desprotecção) mas vestem-se com cinzas (e a verdade é que as cinzas têm poder anti-bacteriano, limpam e protegem de várias formas, e de mosquitos também).

Os conceitos viajam o planeta e transformam-se tal como se transforma a visão deles atravessada pelo tempo, e as práticas que deles hão-de devenir, mas é bom conhecer a raiz de tudo aquilo que tentamos abraçar ou cuidar, transformar, desconstruir ou destruir e ignorar até. Para compreender mais profundamente, e para  desconstruir pre-conceitos sejam eles quais forem, é preciso, como nos mostra um Aghori, e mergulhar mais fundo naquilo que não tem uma resposta, nem definição, e por isso mesmo não tendo nada definido abre espaço para a libertação. E nem é simples, ou fácil porque não é suposto ser nada em concreto – a cada qual o seu caminho – e a verdade é que isso não se vende, não tem garantias nem traz nada garantido nem nada de oferta – são caminhos de liberdade, a cada um o seu como bem o entender.



Aghori significa aquele que não tem medo e não descrimina. Para os Aghori, tudo é sagrado. E isso, é Tantra.



Caminho de um Aghori para a Iluminação


Crê-se que vão já pelo menos 1000 anos da seita hindu que desafia as crenças religiosas tradicionais e segue um caminho pouco convencional, o caminho radical para a iluminação, o Aghoris. A Morte, seu mestre espiritual; o crematório sua casa e Shiva, seu Deus, o destruidor eca personificação da morte.

Aghoris acreditam que Shiva induziu o melhor e o pior no mundo, acreditam que nada é profano, e tudo é sagrado para eles. Por isso, o que as outras seitas hindus consideram inaceitáveis ​​ou tabu, os Aghoris abraçam – sejam as forças das trevas “ou” impurezas “- os Aghoris abraçam com a crença de que os leva a um nível de consciência mais elevado. Vamo-nos aprofundar mais no seu mundo …

Aghoris, os sábios tântricos da Índia

Eles vestem-se com a mortalha de um cadáver ou roupas deixadas pela família do morto, vestem-se com as cinzas de cadáveres como uma proteção contra doenças, meditam sobre um corpo morto e consomem tudo, desde carne humana ou animal a excreta, urina, álcool – tudo é parte do ritual Aghora, o que significa, literalmente, não aterrorizante, e Aghoris são seus praticantes.

O caminho da não-dualidade

Os Aghoris têm que eliminar pensamentos de dualidade entre o puro e o impuro, o bem e o mal; negar a perfeição de qualquer coisa seria como desrespeitar a sacralidade da vida em toda a sua manifestação.
Robert Svoboda, um autor americano e médico ayurvédico em seu livro – Aghora II: Kundalini, explicado – “O Aghori estabelece para superar as limitações humanas por quebra internamente todas as restrições, não importa o quão antigo ou poderoso o tabu, e também através da criação de um corpo / mente que é capaz de conter emocional, sensoriais e outras experiências que consomem alguém não devidamente preparado.”


 


Aghori Rituais

O uso de crânios humanos e Tantra

Uma vez iniciada, o Aghori vai em busca de um crânio humano ou ‘kapala’, que é um sinal real de um Aghori, para ser utilizado como uma bacia. Acredita-se que após a morte, o prana ou força da vida do falecido, se apega no topo do crânio.


Usando mantras e certas ofertas, especialmente álcool, um Aghori Sadhna convoca o espírito para voltar ao corpo, e ganhar controle sobre ele, aproveita seus serviços. Aghori sadhana inclui prática tântrica, várias formas de Yoga e meditação.

Svoboda explicou em seu livro, Aghora: Na Mão Esquerda de Deus: “Aghora é a apoteose do Tantra … cuja divindade suprema é a deusa mãe …. Tantra tem até agora sido vislumbrado no Ocidente apenas em suas formas mais vulgares e degradada, promulgado pelo canalhas sem escrúpulos que igualam sexo com super consciência. Sexo é de fato fundamental para Tantra, a união sexual cósmica de dualidades universais. O objetivo do Tantra é Laya, retorno do candidato ao estado de existência indiferenciada.”

Cada Aghori segue diferentes práticas, dependendo de sua capacidade; o único fator comum é o seu grau de intensidade e determinação.

Comer carne humana

Durante 12 anos, ele medita em nome do Senhor Shiva no crematório, considerado um local ideal para adorar Shiva. Eles comem carne humana, que serve como um lembrete para o Aghori que não existe distinção entre o bom ou mau, carne humana ou animal. Para eles, tais distinções são apenas ilusórias, e raramente servem a qualquer propósito no desenvolvimento espiritual da alma humana. Ele simboliza a transcendência do Ser para uma realização maior.

Meditando sobre um cadáver

Aghoris realizam um ritual conhecido como Shava (cadáver fresco) Sadhana, que significa meditar em cima de um cadáver, cantar mantras para invocar o Smashan Tara (deusa das terras da cremação), que abençoará a Aghori com poderes sobrenaturais, se o ritual for feito da maneira correta. Aghoris não temem a morte, eles usam substâncias tóxicas como álcool ou ganja, antes de realizar um ritual que ajuda-os a superar seus medos e ir além de seu corpo.

Realização de um ritual tântrico

O mentor e autor Svoboda, Aghori Vimalananda, cujas práticas espirituais despertou seu Kundalini e Aghora trilogia de Svoboda é baseado nele, dito, “Carne, peixe, vinho, grão tostado e sexo são todas as substâncias tóxicas, e efeitos de tóxicos é para estimular os nervos para ser capaz de resistir à força do Kundalini Shakti. Você pode usar álcool e o resto de fazer progresso espiritual rápido só se você souber como usá-los corretamente, caso contrário, você simplesmente liga-se para baixo com mais força para a roda da existência.”

Aghoris eram um grupo poderoso entre os sadhus na Índia, hoje um punhado permanece que levam essa vida incomum. O motivo final para uma Aghori é buscar a libertação deste ciclo infinito de reencarnação e alcançar a salvação.



Enquanto que num ambiente urbano, as pessoas podem ver Aghoris como sádicos que se dedicam a magia negra ou são doentes mentais (o próprio conceito de sádico é derivado de uma visão do mundo judaico-cristã cheia de antagonismos que simplesmente não se aplicam neste caso), os Aghoris têm realmente uma forma mística de transformar a mente em Um, de se conectar com a alma universal, representando um caminho que não só não é significativo para todos, como não tem o mesmo significado para todos! 





Considerações
 
Por hora, caro leitor, eu o convido a ficar com a imagem dos Aghori na mente para reflexão. Um povo religiosamente proscrito? Sim. Com hábitos sanitários perigosos? Sem dúvida. Mas qual é o valor prático disso? Note que eu ainda não me atenho ao valor místico, mas o prático mesmo. Quanto sabe de anatomia um Aghori em relação a um hindu que nada faz além de orar? Qual tem melhor sistema imunológico? Qual tem medo do escuro? Qual é o real valor da contaminação física e moral a que se expõem os praticantes? E talvez a questão mais pertinente de todas: você se imagina um Aghori ou ficaria satisfeito em conhecer um curandeiro Aghori quando um familiar adoecesse?