Era 1828 quando terminou a carreira de assassinos em série de dois
irlandeses: William Burke e William Hare. Ambos os amigos muito
próximos, durante a década de 1820, descobriram um jeito cruel de ganhar
dinheiro pela venda de corpos a universidades, em especial ao Doutor
Robert Knox, cirurgião da Universidade de Edimburgo.
Naquela época o uso de corpos para aulas de anatomia estava ficando
cada vez mais restrito com leis que protegiam a integridade de cadáveres
e com a penalização daqueles que se aproveitassem de cadáveres
retirados ilegalmente de cemitérios [leia sobre o roubo de cadáveres aqui].
Apenas a utilização de corpos de condenados estava liberada, contudo
poucas pessoas vinham sendo condenadas à morte e consequentemente
cadáveres estavam escassos nas universidades.
Foi então nesse cenário que surgiu Burke e Hare. William Hare era
dono de uma pensão em Edimburgo e nessa época um de seus inquilinos
acabou morrendo de causas naturais. Foi então que Burke e Hare venderam o
corpo do homem a uma escola de anatomia ao Dr. Knox. Desde então
perceberam que a venda de corpos e órgãos era um negócio muito
lucrativo, tendo a ideia de conseguir mais corpos para a
comercialização.
Nesse momento, ambos começaram a assassinar seus inquilinos. Ao todo
foram 17 assassinatos, alguns por sufocamento, outros por overdose de
medicamentos. Finalmente ao final de 1828, um dos moradores da pensão
acabou encontrando um corpo embaixo de uma das camas da casa.
Imediatamente ele correu até a polícia para denunciar o que viu.
Era o fim da carreira de assassinos em série de Burke e Hare. Ambos,
juntamente com suas respectivas esposas, foram presos. Hare fez um
acordo com a polícia, em que ele contaria tudo em troca da liberdade.
Dessa forma Burke foi acusado de todos os crimes, cuja pena foi a morte.
Ironicamente após ser enforcado pelos crimes cometidos, o próprio corpo
de William Burke foi enviado à Royal College of Surgeons, onde foi
dissecado e um livro foi feito de sua pele.
Pouco tempo após o acontecido, enquanto caçavam pelo parque Holyrood,
cinco garotos fizeram um achado macabro. Escondidas em uma caverna do
parque estavam 17 pequenas bonecas da morte parecidas com aquelas
relacionadas ao vodu, todas com seus respectivos caixões. Durante anos
os contemporâneos não ligaram as pequenas bonecas aos assassinatos
locais, mas sim a práticas de bruxaria.
Livro feito da pele do assassino William Burke. Por muitos anos ele foi exibido no Centro de Informação da Polícia em Royal Mile de Edimburgo. Foto de Kim Traynor. |
Durante anos muitos se perguntavam qual a finalidade da criação das
bonecas macabras. Uma explicação plausível era a de que um dos dois
assassinos ou alguém próximo a eles confeccionou as bonecas e colocou-as
na caverna como um ato simbólico de enterro motivado por remorso pelos
crimes.
Porém essa também é apenas mais uma entre as incontáveis especulações
a respeito da existência das bonecas. Após anos em posse de um
colecionador particular, o Museu Nacional de Edimburgo comprou as 8
bonecas sobreviventes; as demais foram desaparecendo misteriosamente ao
longo dos anos.
Finalmente em 2005 testes de DNA foram feitos entre os restos de
Burke e as bonecas restantes. Contudo, tal qual previam os cientistas,
as bonecas não carregavam mais nenhum traço de DNA, provavelmente
perdido devido o tempo e intenso manuseio. Ainda assim, historiadores e
estudiosos dos assassinos em série acreditam que as bonecas podem
estar relacionadas ao caso. O objetivo da existência delas permanece um
mistério.
Fonte: http://www.museudeimagens.com.br/bonecas-da-morte/
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