sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Curiosidades Móbidas II


Bonecos da Morte


Era 1828 quando terminou a carreira de assassinos em série de dois irlandeses: William Burke e William Hare. Ambos os amigos muito próximos, durante a década de 1820, descobriram um jeito cruel de ganhar dinheiro pela venda de corpos a universidades, em especial ao Doutor Robert Knox, cirurgião da Universidade de Edimburgo.


As 8 bonecas restantes. Atualmente acredita-se que elas, juntamente com as outras 9 que desapareceram, estejam estritamente relacionadas aos assassinatos em série de 17 pessoas por William Burke e William Hare. Foto de Museu Nacional de Edimburgo.

Naquela época o uso de corpos para aulas de anatomia estava ficando cada vez mais restrito com leis que protegiam a integridade de cadáveres e com a penalização daqueles que se aproveitassem de cadáveres retirados ilegalmente de cemitérios [leia sobre o roubo de cadáveres aqui]. Apenas a utilização de corpos de condenados estava liberada, contudo poucas pessoas vinham sendo condenadas à morte e consequentemente cadáveres estavam escassos nas universidades.

Foi então nesse cenário que surgiu Burke e Hare. William Hare era dono de uma pensão em Edimburgo e nessa época um de seus inquilinos acabou morrendo de causas naturais. Foi então que Burke e Hare venderam o corpo do homem a uma escola de anatomia ao Dr. Knox. Desde então perceberam que a venda de corpos e órgãos era um negócio muito lucrativo, tendo a ideia de conseguir mais corpos para a comercialização.

Alguns dos caixões em miniatura contendo pequenas figuras de madeira (95 milímetros de comprimento) foram encontrados em uma caverna por cinco meninos que caçavam coelhos em 1836. Foto de Kim Traynor.

Nesse momento, ambos começaram a assassinar seus inquilinos. Ao todo foram 17 assassinatos, alguns por sufocamento, outros por overdose de medicamentos. Finalmente ao final de 1828, um dos moradores da pensão acabou encontrando um corpo embaixo de uma das camas da casa. Imediatamente ele correu até a polícia para denunciar o que viu.

Era o fim da carreira de assassinos em série de Burke e Hare. Ambos, juntamente com suas respectivas esposas, foram presos. Hare fez um acordo com a polícia, em que ele contaria tudo em troca da liberdade. Dessa forma Burke foi acusado de todos os crimes, cuja pena foi a morte. Ironicamente após ser enforcado pelos crimes cometidos, o próprio corpo de William Burke foi enviado à Royal College of Surgeons, onde foi dissecado e um livro foi feito de sua pele.

Pouco tempo após o acontecido, enquanto caçavam pelo parque Holyrood, cinco garotos fizeram um achado macabro. Escondidas em uma caverna do parque estavam 17 pequenas bonecas da morte parecidas com aquelas relacionadas ao vodu, todas com seus respectivos caixões. Durante anos os contemporâneos não ligaram as pequenas bonecas aos assassinatos locais, mas sim a práticas de bruxaria.


Livro feito da pele do assassino William Burke. Por muitos anos ele foi exibido no Centro de Informação da Polícia em Royal Mile de Edimburgo. Foto de Kim Traynor.


Durante anos muitos se perguntavam qual a finalidade da criação das bonecas macabras. Uma explicação plausível era a de que um dos dois assassinos ou alguém próximo a eles confeccionou as bonecas e colocou-as na caverna como um ato simbólico de enterro motivado por remorso pelos crimes.

Porém essa também é apenas mais uma entre as incontáveis especulações a respeito da existência das bonecas. Após anos em posse de um colecionador particular, o Museu Nacional de Edimburgo comprou as 8 bonecas sobreviventes; as demais foram desaparecendo misteriosamente ao longo dos anos.

Finalmente em 2005 testes de DNA foram feitos entre os restos de Burke e as bonecas restantes. Contudo, tal qual previam os cientistas, as bonecas não carregavam mais nenhum traço de DNA, provavelmente perdido devido o tempo e intenso manuseio. Ainda assim, historiadores e estudiosos dos assassinos em série acreditam que as bonecas podem estar relacionadas ao caso. O objetivo da existência delas permanece um mistério.

Fonte: http://www.museudeimagens.com.br/bonecas-da-morte/