quinta-feira, 3 de abril de 2014

Carpideira

Nos tempos dos nossos antepassados existia uma profissão chamada Carpideira que consistia em chorar para um morto em troca de dinheiro. 

A carpideira era uma profissional feminina cuja função consistia em chorar para um defunto alheio. 

Era feito um acordo monetário entre a carpideira e os familiares do defunto, a carpideira chorava e mostrava seus prantos sem nenhum sentimento, grau de parentesco ou amizade.

O principal objetivo era levar os participantes no velório ao choro e lamento, mesmo que o defunto não merecesse.

Deixo-vos um trecho da recolha de Michel Giacometti sobre este assunto.


"O Soajo, embora mantendo arcaísmos que são típicos das velhas sociedades agro-pastoris, não parece ter conhecido – ou, pelo menos, não conservou – formas musicais significativas que reflictam a condição dos homens que aí vivem. Contudo, não podemos deixar de reconhecer o valor documental, musicológico e sociológico dos espécimes recolhidos no Soajo, os quais, na sua expressão singela e despida de qualquer enfeite, se identificam ainda hoje com a terra e os homens.

Numa paisagem deslumbrante, prosseguimos a nossa viagem pela serra do Soajo, até à povoação raiana da Várzea. Várzea é uma das poucas terras do país onde ainda é costume «chorar os mortos»; ou seja improvisar, para os que vêem de morrer, uma lamentação pobre e desesperada. «Choram-se» os seus próprios mortos ou manda-se «chorar» uma carpideira, que fará o serviço em troca de um alqueire de trigo ou coisa parecida.

É claro que quando chegámos à Várzea, não havia ninguém que tivesse morrido de propósito, a quem a carpideira da terra, nossa conhecida de há muito, pudesse prestar a sua homenagem fúnebre. A pobre mulher, cujo ganha-pão é subir as encostas e correr léguas em fim até ao Soajo para receber o correio da gente da terra, tinha sido avisada do que pretendíamos. Agora, porém, teimava em não chorar: que não choraria, que já da última vez – há mais de dez anos – tinha chorado contra vontade para este mesmo senhor estrangeiro que guardou tudo numa caixa e levou para Lisboa. Portanto, que não choraria, por mais que se lhe pagasse. Mas como não chorar, quando a vida é esta e a dor é paga! 

 Choraste, mulher, choraste, e recebeste o salário das tuas lágrimas, e agora foges entre os espigueiros, que guardam os poucos bens daqueles que tão pouco têm.


A melopeia, na sua expressão simples, constitui um exemplo raro entre nós de canto da morte – embora não possuindo as qualidades que fazem deste canto, na Córsega, na Sardenha ou na Grécia, o género musical talvez mais significativo da tradição destes povos, tanto pela forma a um tempo rigorosa e livre, como pela elevação dos sentimentos traduzidos em versos de uma pungente beleza. Todavia, expressões como estas da nossa carpideira: «Leve-me consigo», «Iremos os dois no seu caixão», ou «Você não é costume ficar tão caladinho», são comuns a todos esses povos.

Carpideira é uma profissional feminina cuja função consiste em chorar para um defunto alheio. É feito um acordo monetário entre a carpideira e os familiares do defunto, a carpideira chorava e mostrava seus prantos sem nenhum sentimento, grau de parentesco ou amizade."



Fonte: Gravado para o programa "POVO QUE CANTA" da RTP.Programa nº 35 - 1970.  Autor: Michel Giacometti.

terça-feira, 1 de abril de 2014

GUIA DAS BRUXAS SOBRE FANTASMAS E O SOBRENATURAL



GUIA DAS BRUXAS SOBRE FANTASMAS E O SOBRENATURAL



O livro não apenas narra as fascinantes experiências pessoais da autora com casas assombradas e encontros com fantasmas, mas também fornece autênticos feitiços, rituais e encantamentos, e apresenta ervas e óleos usados por bruxas para conjurar, banir e se proteger contra os espíritos dos mortos. 
Tudo isso sob uma perspectiva pagã (Wicca), em que o contato com seres sobrenaturais pode ser muito proveitoso. 



Arquivo disponibilizado em Minhateca.com.br

Portal de vendas:  Madras 

Autora: Gerina Dunwich


Da mesma maneira que existe o bem e o mal entre os
vivos, eles também existem no pós-vida. Diz-se que o espírito
de quem era mau durante a vida (como assassinos
seriais e líderes genocidas como Adolf Hitler) continua
igual após a morte de seu corpo físico.

Também existem entidades não-humanas (demônios)
que podem ser classificadas como malignas. Dizem que
elas aparecem de vez em quando com a forma de um animal
de pele, penas ou pêlos negros - mais freqüentemente
cachorros, gatos, bodes, éguas ou pequenas criaturas roedoras. Alguns
investigadores paranormais procuram por manifestações de animais negros
fantasmagóricos (não o falecido animal de estimação da família) como
sinais de que existe uma situação de assombração diabólica. Entretanto,
nem todas as assombrações envolvendo animais negros são necessariamente
dessa natureza.

As chances de interação entre os vivos e um espírito realmente maligno
- seja do tipo humano ou não - são relativamente pequenas. De acordo
com minha pesquisa, além de experiências pessoais que outros e eu mesma
tivemos com o sobrenatural, parece que a imensa maioria das assombrações
 e avistameates fantasmagoricos é de natureza benigna. Isso não quer dizer
que fantasmas não podem ser assustadores ou desagradáveis.

Espíritos ligados à Terra podem com freqüência ser travessos, divertindo-
se muito e nos assustando, se deixarmos. E alguns espíritos, da mesma
forma que algumas pessoas vivas, podem sentir raiva ou necessidade
de vingança por diversas razões, enquanto outros são simplesmente cruéis
porque é de sua natureza.

Se decidirmos deliberadamente perturbar certos
espíritos que querem ficar sozinhos, isso pode fazê-los demonstrar uma
atitude não muito agradável ou comportamento aparentemente violento.
Ainda assim, poucos serão realmente malignos ou demoníacos. Mas, uma
vez que muitas pessoas acham a presença e as ações de tais espíritos aterrorizantes
ou sinistras, supõem automática e incorretamente que são fantasmas
perversos ou demônios.

Então como é possível diferenciar os espíritos maus dos que não são
maus? Nem sempre isso é fácil, uma vez que ambas as entidades podem ser
idênticas em aparência e maneirismos. Seria como tentar diferenciar quem
entre os viventes é bom ou mau simplesmente por sua aparência externa ou
maneira de falar.

O mais importante a ser lembrado é que a chance de encontrar
um espírito de natureza verdadeiramente maligna ou demoníaca é
extremamente reduzida. Portanto, não devemos nos deixar ficar obcecados
ou exageradamente preocupados com eles.


Para investigadores e caçadores de fantasmas, a observação de certas
precauções - usar ou carregar certos amuletos feitos de prata, orar pelas
bênçãos ou proteção do Deus ou Deusa de sua fé ou tradições pessoais, ou
mesmo clamando por seus anjos da guarda ou guias espirituais, pedindo
que fiquem ao seu lado - normalmente oferece toda a proteção necessária
para assegurar sua segurança no raro evento de encontrar um espírito genuinamente
perverso ou um demônio.

Muitas pessoas, jovens ou velhas, têm medo de fantasmas, apesar de
muitas não admitirem isso com facilidade por receio de serem consideradas
supersticiosas e ridicularizadas. O medo de que algum espírito causenos
algum mal ou nos possua é tão universal e antigo como a própria
humanidade. Mas talvez ainda mais aterrorizante para muitos descrentes
que por acaso encontrem um fantasma é a idéia de que podem estar sofrendo
alucinações e que isso seria um sinal de doença mental ou tumor cerebral.
Pensar que se está perdendo o contato com a realidade pode ser muito
alarmante, para dizer o mínimo.
Medo é um instinto que a natureza deu aos humanos (e aos animais
também) para alertar quando há algum perigo iminente, mas ele também se
manifesta quando nos deparamos com uma situação desconhecida ou inexplicável.
Entretanto, em quase todos os casos de assombrações e encontros
com espíritos, não há o que temer. Fantasmas e espíritos, na maior parte
dos casos, são bastante inofensivos, apesar de poderem assustar algumas
pessoas o suficiente para fazer com que se machuquem ou tenham um ataque
do coração ou perturbações psicológicas.